Resenha: O Manual Antifascista
- Fábio Tardelli
- 13 de jul. de 2020
- 2 min de leitura
Texto por Murillo Fogaça

Idealizado na urgência do crescimento dos simpatizantes de Trump nos EUA, o manual antifascista é uma junção de análises para entender a amplitude histórica do fascismo e da extrema-direita dividindo-se entre a ascensão fascista e luta antifascista, sem se definir como a histórica completa do antifascismo, mas um abrir de portas para quem se interessa pelo assunto.
Os seis capítulos atravessam o século XX e o XXI concluindo que a resposta às iniciativas fascistas dos governos dessa época sempre foi o antifascismo, não só com movimento subculturais, mas também como práticas de estratégias para que o mundo não volte a remeter o fascismo da mesma maneira que na primeira metade do século XX.
"Movimentos similares de ascensão e queda do fascismo podem ser mapeados em outros lugares: a vitória da Frente Popular Espanhola em 1936 galvanizou a direita a tal ponto que desencadeou uma guerra civil. Certamente ninguém argumentaria que tais resultados invalidariam as aspirações eleitorais da esquerda. Esses exemplos demonstram que a extrema-direita prospera com o medo que é gerado tanto do avanço violento e não-violento da esquerda, quanto do progresso de uma justiça social mais ampla. A KKK prosperou durante tempos em que avanço social negro – a eleição de Obama em 2008 estimulou o recrutamento de força branca e, posteriormente, levou à ascensão de Donald Trump" - Mark Bray
Mark vê que o fascismo ainda existe como fantasma, que não desaparecem ao fim da segunda guerra, mas sim se enraizaram nos discursos de grupos de extrema-direita no mundo inteiro e especialmente no Brasil, misturando-se com ideias vindas da eugenia e de diversos autores racistas. As ideias misóginas e racistas tomam as ruas através de seus líderes dentro da política, essas ideias devem se combatidas imediatamente por ações, pois esperar da opinião crítica midiática ou se quer da própria razão pública, não serão freios necessários para parar desejos fascistas.
Manual ressalta a narrativa fascista brasileira, pois no próprio livro existem vários paralelos entre os grupos de extrema-direita de outros tempos com o Brasil de 2018, principalmente nessa fé insana de acreditar que o poder regulador do Estado impediria as atitudes fascistas do governo. Em uma olhada rápida nas nesses governos, percebemos que eles tomam o poder por vias legais e democráticas, se valendo de estratégias e do imaginário da esquerda para seduzir as massas para legitimar a suas narrativa, sem que a própria esquerda pudesse retrucar em seus discursos.
Entre outros capítulos, falam sobre a Antifa moderna(1945 – 2003) com as manifestações, ação direta, papel do antirracismo e a origem de partidos que existem até hoje, sendo focado também na normalização de ideias islamofóbicas, etno-nacionalistas e misóginas e logo após, explica como a própria esquerda liberal dá voz aos fascistas com o intuito de dar espaço para eles no debate público.
O Manual antifascista é uma boa escolha para quem quer iniciar pesquisas ou apenas entender melhor a luta de nossos tempos de maneira rápida e simples. Para estar preparado a toda insurgência fascista, pois esses fantasmas sempre tendem a reaparecer.
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