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Texto: C.L.R. James um jacobino negro e historiador

  • Foto do escritor: Fábio Tardelli
    Fábio Tardelli
  • 13 de jul. de 2020
  • 3 min de leitura

Texto por Fábio Tardelli

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Deixo a indicação da obra “Os Jacobinos Negros - Toussanit L'Ouverture e a revolução de São Domingos” do mestre Cyril Lionel Robert James (C.L.R. James), historiador de Trinidade e Tobago e realocado no grupo de historiadores britânicos como E.P. Thompson, Eric Hobsbawm, Raymond Willians e tantos outros.


A Revolução de São Domingos em um viés marxista

"Essa foi a única revolta de escravos bem sucedida da História, e as dificuldades que tiveram de superar colocaram em evidência a magnitude dos interesses envolvidos. A transformação dos escravos, que, mesmo às centenas, tremiam diante de um único homem branco, em um povo capaz de se organizar e derrotar as mais poderosas nações europeias daqueles tempos é um dos grandes épicos da luta revolucionária e uma verdadeira façanha" - C.L.R. James.

A obra de C.R.L. James é o marco de sua adesão ao marxismo e foi escrita em um contexto do nacionalismo africano em pleno século XX, pelo aspecto teórico-metodológico se trata um texto de caráter historiográfico, não apenas reflexivo e sim combativo, que visa destacar as lutas e a liderança de Toussaint, as organizações dos haitianos, as discussões a respeito das dificuldades diante de um voraz colonialismo e de interesses históricos em volta do controle das populações escravizadas nas colônias da América.

A história por trás do livro Jacobinos Negros, também é envolta de resistência dele e o imenso apoio entre amigos (precisou de ajuda financeira, de amigos simples como ele, para conseguir fazer sua pesquisa).

Envolvido com grupos trotskistas na Inglaterra com fim de disseminar o socialismo e sua obra “Jacobinos Negros” é intencionalmente uma obra alinhada ao pan africanismo crítico. Vale destacar que a primeira edição é de 1938 com intenção de agitar a militância anti imperialista na África. Seus estudos de dialética são citados pelo historiador canadense Brian Palmer, bem como seus estudos em “Jacobinos Negros”. E nomes como Robin Blackburn o colocam como referência central nos estudos de escravidão do século XX. O historiador brasileiro Jacob Gorender inclusive resenhou seu livro e fez uma referência da importância de C.L.R. James para entender a escravidão no Brasil (vale lembrar que Gorender é um dos marcos mais relevantes para pensar criticamente a questão da escravidão no Brasil).


Minha relação pedagógica com a obra de C.L.R. James

- Em 2018 iniciei minhas relações com Jacobinos Negros na E.E. Francisco Camargo César, Sorocaba-SP, ao trazer suas reflexões nas aulas sobres escravidão do sétimo ano e nono ano sobre as lutas étnico-raciais.

- Em 2019 na E.E. Anna Cuevas e E.E. Jd Daniel Haddad, Salto de Pirapora-SP, aprofundei o conteúdo da Revolução de São Domingos e desenvolvi um trabalho sobre arte política-proletária (Lunatchárski) combinando com C.L.R. James.

- Publiquei e apresentei na Semana de Pedagogia da UFSCar-Sorocaba, junto com a historiadora Ketelyn Rocha, "Luta de classes e a revolução de São Domingos: Experiência de trabalho com oficinas de cartazes sobre a revolução haitiana".

- Junto ao professor e pesquisador Esli Ryan defendi esse livro como clássico historiográfico essencial para o trabalho pedagógico de uma formação crítica. Por seu alinhamento anti imperialista, classista e construindo uma memória local por via de questões estruturais.

"Toussaint conhecia o atraso dos cultivadores; fazia-os trabalhar, mas queria vê-los civilizados culturalmente. Fundou tantas escolas quanto podia" - C.L.R. James


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Vale a pena ler e conhecer!

C.L.R. James é um historiador que não vai compor a base dos cursos de graduação e licenciatura no Brasil. Não é novidade, gente como Clóvis Moura e Gorender dificilmente aparecem. Apesar de toda fala sobre "descolonizar" o pessoal ainda cai nas ideologias liberais, no utilitarismo do conhecimento para capital... Mas é importante subverter isso. Assim como Toussaint reconheceu na Educação seu potencial, cabe a nós fazermos essa disputa e nos instrumentalizarmos nessa obra! A Edição da Boitempo ainda conta com o anexo De Toussaint L'Overture a Fidel Castro.

 
 
 

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© 2020 por F. A. TARDELLI FILHO

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