Viva Fidel! Aniversário do Comandante!
- Fábio Tardelli
- 13 de ago. de 2020
- 4 min de leitura
“Se você combina princípios éticos, espírito de rebeldia, recusa à injustiça e toda uma série de coisas que você começa a apreciar e a valorizar profundamente, ainda que outros não valorizem, inclusive o senso de dignidade pessoal, de honra e de dever, penso que essa é a base fundamental para que um homem adquira uma consciência política” - Fidel Castro.

Há 94 anos nascia Fidel Castro. Fidel reconheceu as contradições históricas cubanas, um país dependente e dominado pelo capital estrangeiro e com raiz (ethos) escravocrata. Ao se apropriar dos estudos de José Martí, liderou o povo rumo à revolução, aliás foi pela admiração à Martí que chegou à Karl Marx e o agregou nas suas bases filosóficas.
“Antes de ser marxista, fui martiano e grande admirador da história de nosso país. Os dois nomes começam por M e acho que os dois se parecem muito. Estou absolutamente convencido de que, se Martí houvesse vivido na situação em que Marx viveu, teria as mesmas concepções e mais ou menos a mesma atuação. Martí tinha muito respeito por Marx, de quem disse uma vez: “Como se colocou ao lado dos fracos, merece respeito”. Quando Marx morreu, escreveu belas páginas sobre ele.” – Fidel Castro.
Filho de camponeses [mãe cubana e pai espanhol] muito simples, pessoas de fé e que cresceram sem estudo, sua mãe Lina aprendeu a ler escrever sozinha, sem ter frequentado a escola. Seu pai foi soldado espanhol enviado para lutar na segunda guerra de libertação cubana em 1895-1898, regressou à Espanha para depois voltar à Cuba, agora para morar nessa terra que havia gostado. Em Cuba, o pai de Fidel, trabalhou com comércio e terras e converteu-se em latifundiário.
Fidel nasceu na província de Oriente.
Seu nome deriva de “aquele que tem fé” e como o próprio Capitão definiu: “Tenho sido um homem de fé, de confiança, de otimismo”.
Estudou em uma escola clerical, que era paga para que os padres responsáveis conseguissem bancar os custos. O próprio afirmou esses padres levavam vida austera e os custos em geral eram para pagar despesas de alimentação, materiais didáticos e hospedagem. Mesmo assim, aquilo estava longe do alcance financeiro de boa parte da população cubana [e dos imigrantes haitianos que não lhe passavam despercebidos], e como próprio lembra ainda que não houvessem restrições aos estudantes negros eles não estudavam nessa escola pelas condições materiais, mas não se ilude sobre alguns de seus colegas nessa questão...
A respeito da questão racial comenta das medidas iniciais e das dificuldades encontradas nesse ponto diante dos trabalhadores não negros (é difícil falar em cubanos brancos na classe trabalhadora e camponesa), é fato que o preconceito racial difundido pela sociedade burguesa foi um grande desafio pós Revolução. Alguns camaradas de Fidel tentaram ser mais incisivos nessa questão e encontraram empecilhos consideráveis na população...
Mas é fato que o Comandante soube trabalhar isso com questões de direitos do trabalho, Educação e medidas políticas.
De sua vida escolar lamenta que nunca teve um professor para ser lhe referência política.
Talvez isso lhe inspirou a ser o grande professor latino.
Minha referência pedagógica, por exemplo, é majoritariamente russos e brasileiros, mas Fidel é um dos autores que mais me inspiram no trabalho pedagógico. A forma como pensa o Novo Homem (o primeiro de seus 3 grandes dilemas do século XX), alinha a questão Religiosa na Revolução e articula a Batalha das Ideias são discussões cervicais, para mim. E sim, Fidel também tem grandes debates a respeito da Educação! Sobretudo nas questões da alfabetização e do peso da educação na emancipação.

Cuba sofreu décadas de embargos econômicos e teve de se reestruturar praticamente do zero. Mesmo assim possuí níveis de segurança, saúde e educação muito superiores ao Brasil, por exemplo. Fora isso soube lidar com questões étnico-raciais e de gênero com maestria que rouba o sono dos liberais arendetianos, baumanistas e popperistas. Tanto que volta e meia soltam textinhos em blogs e revistinhas acusando a Revolução de ser “racista”, “machista” e “homofóbica”. Balelas e fofocas históricas, coisa típica dos medíocres.
Foi eleito pelo historiador negro e militante C.L.R. James (em Jacobinos Negros) como: “o herdeiro de Toussaint” [Toussaint L’Overture, líder da Revolução Haitiana], e Nelson Mandela disse sobre Fidel: “Foi a primeira vez que um país veio de outro continente não para tirar algo, mas para ajudar os africanos a alcançar sua liberdade”
Já o lendário historiador britânico Eric Hobsbawm dedicou diversas páginas sobre O Comandante em Era dos Extremos, na qual ainda o definiu:
“Fidel Castro (1926- ) era uma figura não característica na política latino-americana: um jovem forte e carismático de boa família proprietária de terras, de política indefinida, mas que estava decidido a demonstrar bravura pessoal e ser um herói de qualquer causa da liberdade contra a tirania, que se apresentasse no momento certo”.
Reconhecido pelos gigantes. Absolvido pela História. Acusado pelos medíocres.
Fidel tinha grande preocupação na formação de um novo homem, para ele essa era a grande tarefa da Revolução:
"Felizmente, compreendemos o que fazemos, compreendemos o que queremos, como o queremos. E, por isso, na mesma medida em que a consciência do povo se desenvolve, a marcha da Revolução será mais vitoriosa."
Um sujeito histórico de tempos complicados e de uma conjuntura extremamente agressiva e hostil. Nem por isso deixou de esmerar naquilo que se engajou. Contra tudo e todos!
“Cuba só três coisas funcionam: “Segurança, educação e saúde. E aí você junta duas: o ensino de medicina. É barato e funciona, a saúde de Cuba mesmo sem recurso continua funcionando” – Ricardo Amorim, pagando mico ao vivaço ao criticar Cuba. Não era eu elogiando não. Era ele “metendo pau” mesmo! - https://www.youtube.com/watch?v=YTGQ38ydatg
Viva Fidel!
Texto por Fábio Tardelli
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